quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Coesão Textual

Coesão textual

Para Mira Mateus (1983), “todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual podem ser encarados como instrumentos de coesão”.

Esses instrumentos organizam-se da seguinte forma:

Coesão Lexical

Coesão lexical

Corresponde a uma relação entre termos / palavras que remetem para o mesmo referente (co-referencialidade), num mesmo enunciado

Esta coesão resulta do recurso aos seguintes dos processos:

repetição: “Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas.”

sinonímia: O rapaz sempre que se dirigia ao prior corava. O padre questionava-o até ao pormenor.

antonímia: O João jurava à namorada que dizia a verdade, mas ela sabia que ele mentia.

hiponímia / hiperonímia: Os universitários reuniram-se uma vez mais para protestar contra o aumento das propinas. Recorde-se que as acções dos estudantes são cada vez mais frequentes no nosso país.

holonímia / meronímia: O João tinha um carro espectacular! Caixa automática, estofos em pele, tecto de abrir, jantes de liga leve, ar condicionado automático, caixa de CD!

RECORDANDO:

• Os hiperónimos são palavras que apresentam sentido mais geral em relação a outras que apresentam sentido mais restrito – os hipónimos;

• Entre duas palavras pode estabelecer-se uma relação de significado, em que uma remete para um todo – a palavra holónima – e a outra é considerada parte daquela – a palavra merónima.

Coerência Textual

Coerência textual

Para além dos processos de coerência textual estudados nas aulas anteriores, podemos referir outros cincos tipos de coerência, que são igualmente importantes.

Estes tipos de coerência são os seguintes:
coerência semântica: refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam ou quando são contraditórios;

coerência sintáctica: refere-se aos meios sintácticos usados para expressar a coerência semântica: conectores, pronomes, etc.;

coerência estilística: este tipo de coerência tem a ver com a mistura de registos linguísticos, sem que daí resulte, necessariamente, qualquer tipo de incoerência;

coerência pragmática: refere-se ao texto visto como uma sequência de actos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os actos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Quando isso não acontece, geram-se sequências incoerentes.

EXERCÍCIOS
COERÊNCIA SEMÂNTICA
1. Explique a incoerência das frases que se seguem:
a) A discussão reporta-se ao problema da clonagem.
b) A audiência foi pouco elevada no estádio da Luz.
c) Entramos num novo círculo de mudanças.
d) Um tráfico imenso pediu o autocarro de avançar.

COERÊNCIA SINTÁCTICA
1. Aponte a incoerência e corrige-a.
a) Nada o desarma; quer esteja doente, sempre aparece.
b) O pobre homem vinha numa perseguição encadeada, mas desejoso de agarrar o pássaro e o comer.
c) Estava renitente e casou.

COERÊNCIA ESTILÍSTICA
1. Compara, em termos de coerência, o excerto de Namora com o exemplo que o segue.
a) – Atão, ao menos, deixe-me ir ali dar de corpo.
O tendeiro sondou-o, desconfiado, através do postigo das pálpebras.
Fernando Namora, Casa da Malta

b) – Então, ao menos, deixa-me ir à casa de banho. Preciso satisfazer as minhas necessidades fisiológicas.
O taberneiro mirou o gajo de alto a baixo, desconfiado, não quisesse ele pôr-se na alheta.


COERÊNCIA PRAGMÁTICA
1. Explica a incoerência presente nas sequências que se seguem.
a) À porta de igreja, entre dois cegos:
- Conheces esta senhora que te deu a esmola?
- Só de vista.

b) – Sabe, querida amiga, estive dois anos em coma…
- Que sorte! – exclama a outra. – Só o meu marido é que não me leva a parte nenhuma!...

Memorial do Convento - Expressão Oral

Para desenvolver a expressão oral, propomos as seguintes actividades, que lhe possibilitará aprofundar os seus conhecimentos sobre a obra de Saramago.

Memorial do Convento - Expressão Escrita

Desenvolve a tua visão crítica sobre alguns aspectos explorados na obra Memorial do Convento, aceitando o seguinte desafio.

Sites de interesse



Apresentamos alguns links de interesse que poderão consultar sobre a obra em estudo:

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Felizmente Há Luar - Compreensão Escrita

Depois de visionar a apresentação relativa à contextualização da obra Felizmente Há Luar, resolva as fichas de compreensão escrita sobre as personagens, o tempo e o espaço na referida obra.

Felizmente Há Luar - Compreensão Escrita - Verificação de Leitura

Após a leitura atenta da obra, verifique os seus conhecimentos.


Fernando Pessoa - Expressão Escrita

1. Escolhe apenas um tema A ou B.

A - “(…) na suposição de que ser poeta é ter acesso a um novo “estado de graça”, Fernando Pessoa tenta recriar-se, artificialmente, como “criança” e, nela, continuar a infância perdida. Mas a consciência do real atrapalha-lhe o sonho.”
Alfredo Antunes, Saudade e profetismo em Fernando Pessoa. Publicações da Faculdade de Filosofia

Depois de reflectir sobre o texto transcrito, elabora um texto expositivo-argumentativo, com cerca de duzentas palavras, fundamentando as tuas afirmações com base em leituras feitas/ poemas analisados.


B -
“O que em mim sente ‘sta pensando.
Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!”
Fernando Pessoa
Partindo da leitura do excerto transcrito e fazendo apelo à tua experiência de leitura, elabora um texto expositivo-argumentativo, com cerca de duzentas palavras, sobre o seguinte tema:
A tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sentir/pensar em Fernando Pessoa ortónimo.

Caso tenha dúvida, consulte a estrutura do texto argumentativo.

Nota: No final desta actividade, certifique-se que o seu texto referencia os seguintes tópicos.

"Mestre, são plácidas" - Compreensão Escrita

Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos.
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos!,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza ...

A beira-rio,
A beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.
O Tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.


Ricardo Reis, Poesia, Lisboa, Assírio & Alvirn Ed., 2000

1. incautos:. sem cautelas, sem preocupações.
2. quasi: forma arcaizante de quase.
3. deus atroz / Que os próprios filhos / Devora sempre: referência ao deus grego Cronos, cujo nome significa em português Tempo; este deus devorava os filhos ao nascer.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas ao questionário.
1. Caracterize a relação entre "nós" e o "tempo ".

2. Explicite um dos efeitos de sentido produzidos pelas formas verbais "saibamos" (vv. 10 e 28), "Colhamos" (v. 37) e "Molhemos" (v. 38).

3. Interprete o valor simbólico das referências às "flores" (vv. 6 e 37), aos "Girassóis" (v. 43), aos "rios" (v. 40).

4. Refira a importância, no texto, do vocabulário relativo à ideia de calma.

5. Sintetize a filosofia de vida expressa no poema.

Nota: Caso necessite, confronte as suas respostas com a seguinte proposta.

"Que Noite Serena" e "Ah, a frescura na face de não cumprir um dever" - Compreensão Escrita


Leia atentamente os seguintes poemas e apresente, de forma bem estruturada as suas respostas aos questionários abaixo indicados.
I
Que noite serena!
Que lindo luar!
Que linda barquinha
Bailando no mar!
Suave, todo o passado — o que foi aqui de Lisboa — me surge…
O terceiro andar das tias, o sossego de outrora,
Sossego de várias espécies,
A infância sem futuro pensado,
O ruído aparentemente contínuo da máquina de costura delas,
E tudo bom e a horas,
De um bem e de um a horas próprio, hoje morto.
Meu Deus, que fiz eu da vida?
Que noite serena, etc.
Quem é que cantava isso?
Isso estava lá.
Lembro-me mas esqueço.
E dói, dói, dói…
Por amor de Deus, parem com isso dentro da minha cabeça.
Álvaro de Campos, Poesias, Lisboa, Ática, 1993

1. Neste poema, o sujeito poético evoca o passado. Refira os traços caracterizadores desse passado.

2. Os quatro primeiros versos são a citação de uma cantiga, parcialmente retomada no verso 13. Explique a função de cada uma destas citações.

3. Explicite o sentido da oposição adverbial “aqui” (v. 5) e “lá” (v. 15).

4. Comente o efeito expressivo da repetição “E dói, dói, dói…” (v. 17).

5. Analise os sentimentos do sujeito poético, relativamente ao presente.

II
Ah, a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora, Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.
Álvaro de Campos, Poesias, Lisboa, Ática, 1993

1. Indique as relações de sentido que se estabelecem entre os quatro primeiros versos.

2. Explique como se concretiza a atitude de deliberação do desleixo” (v. 5).

3. Explicite dois valores expressivos da antítese “vestida” / “nu” (vv. 7 e 8).

4. Caracterize os lugares representados pelos advérbios “lá” (v. 6) e “aqui” (v. 11).

5. Comente a importância dos dois últimos versos no contexto global do poema.

Caso precises de verificar as tuas respostas, consulta a seguinte proposta.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

"O Guardador de Rebanhos" - Compreensão Escrita

Orientação de leitura do Poema I de Alberto Caeiro

1. Embora afirme nunca ter guardado rebanhos, o sujeito poético apresenta-se como “pastor”.
1.1. Explica, com base na primeira estrofe, o tipo de relação que este “pastor” estabelece com o ambiente que o rodeia.
1.2. Identifica, na mesma estrofe, dois recursos estilísticos que ilustram a intensidade da referida ligação.

2. A deambulação e o privilégio da sensação visual são dois aspectos que aproximam este heterónimo da poesia de Cesário Verde.
2.1. Identifica os versos que comprovam esta afirmação.

3. No verso 9, o sujeito poético confessa-se “triste”.
3.1. Encontra as causas que estão na origem dessa tristeza.
3.2. Interpreta o valor contextual da conjunção com que o verso se inicia.
3.3. Clarifica as explicações que o sujeito poético adianta para a identificação de “tristeza” com “sossego”.

4. Na terceira e quarta estrofes, o sujeito poético advoga que a recusa do acto de pensar é a via para alcançar a paz e a felicidade.
4.1. Demonstra a verdade desta afirmação.
4.2. Assina três recursos estilísticos que reforçam a tese defendida em 4..

5. Agrupar os vocábulos em campos lexicais pode ajudar a determinar o tema de um texto.
5.1. Faz o levantamento dos vocábulos do poema que pertencem aos campos lexicais de natureza e de pastor.
5.2. Explica de que forma se entrecruzam, no texto, os dois campos lexicais referidos.

Nota: Confronta as tuas respostas com a proposta de correcção.

"O Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro

Ficha de Compreensão Oral

Testa os teus conhecimentos, depois de ouvires o poema "Pobre velha música" e visionares o documentário "Vida e Obra de Fernando Pessoa", acedendo e resolvendo a ficha de compreensão oral.


Nota: Para confrontares as tuas respostas acede à proposta de correcção.

Vida e Obra de Fernando Pessoa

"Pobre velha música" - Poema áudio

"Gato que brincas na rua" - Poema Integral

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

"Ela canta, pobre ceifeira" - Poema Integral

Ela canta, pobre ceifeira

Ela canta, pobre ceifeira
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,

Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.
Ouvi-la alegra e entristece,

Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões p'ra cantar que a vida.
Ah! canta, canta sem razão!
O que em mim sente 'stá pensando.

Derrama no meu coração
A tua incerta voz ondeando!
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso! Ó céu!

Ó campo! Ó canção! A ciência
Pesa tanto e a vida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!

Fernando Pessoa, Cancioneiro

"Ela canta, pobre ceifeira" e "Gato que brincas na rua" - Compreensão Escrita- Correcção

Clica aqui para verificares as tuas respostas ao questionário.

"Ela canta, pobre ceifeira" e "Gato que brincas na rua" - Compreensão Escrita

Para comprenderes os poemas "Ela canta, pobre ceifeira" e "Gato que brincas na rua", resolve o seguinte questionário.

"Autopsicografia" - Compreensão Escrita

Podes aceder aqui à análise do poema "Autopsicografia"

"Autopsicografia" - Poema áudio