Modernismo em Portugal |
No entanto, um movimento forte e amplo - o Modernismo - viria dar fim a este marasmo e implantar o inconformismo.
O Modernismo, não foi apenas produto de uma evolução estética: ele decorreu de todo um estado de espírito formado pela cultura da época e que repercutiria em todas as artes, integrando literatura, pintura, música arquitectura, cinema, etc. A primeira Guerra Mundial foi o grande divisor das águas...
Nesse contexto surgiram as vanguardas europeias, que antecederam e originaram o Modernismo literário. Vanguarda provem do francês e significa extremidade dianteira dos exércitos em luta. E a literatura de vanguarda foi realmente combativa, polémica, desbravadora e irreverente. Os vanguardistas da época valiam-se do deboche, da ironia e da luta verbal com o objectivo de substituir a arte tradicionalista pela arte moderna.
As principais vanguardas europeias foram:
Cubismo;
Futurismo;
Dadaísmo;
Surrealismo.
Todas essas vanguardas tiveram um carácter agressivo, experimental, demolidor e inovador. Combatiam o racionalismo e o objectivismo das teorias científicas do Realismo/Naturalismo/Parnasianismo e pregavam o irracionalismo. Com isso, procuravam uma compressão mais subjectiva do homem, voltada mais para seu interior que para seu exterior.
§Características do Modernismo:
§atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos;
§reacção contra o passado, o clássico e o estático;
§temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica;
§preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
§busca do imprevisível e insólito;
§abstenção do sentimentalismo fácil e falso;
§comunicação directa das ideias: linguagem quotidiana.
§esforço de originalidade e autenticidade;
§interesse pela vida interior (estados de alma, espírito..)
§aparente hermetismo, expressão indirecta pela sugestão e associação verbal em vez de absoluta clareza.
§valorização do prosaico e bom humor;
§liberdade formal: verso livre, ritmo livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida.
§As três grandes gerações de autores modernistas:
1ª geração - o Orfismo : Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros e outros;
2ª geração - o Presencismo: José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e outros;
3ª geração - o Neo-Realismo: Alves Redol, Ferreira de Castro, Jorge de Sena e outros.
§Limites cronológicos do Modernismo:
§Perspectiva alargada: desde finais do Século XIX até finais dos anos 50;
§Perspectiva mais restrita: desde vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial.
§Temas dominantes do Modernismo:
§A euforia do moderno que rapidamente desliza para o tédio existencial;
§A dissolução do sujeito que conduz, muitas vezes, ao suicídio;
§O esforço patético do autoconhecimento;
§A crise aguda do sujeito poético projectada:
· na máscara;
· no retrato;
· no espelho;
· na procura labiríntica do outro em si mesmo (fragmentação do eu)
§Em suma:
Nova concepção de Arte: a Literatura entrelaça-se com a Pintura e Escultura, pois são vistas como formas de arte complementares e não distintas;
Há uma viragem do sujeito poético para o seu interior, exprimindo a síntese das suas experiências e sentimentos, mesmo que pouco nobres ou ortodoxas; o Homem surge como reflexo de um mundo complexo, difícil, acelerado, pleno de diversidades;
Leva a cabo uma espécie de reinvenção da linguagem, ao nível da forma, da expressão, introduzindo no domínio do literário uma pretensa desconstrução sintáctica e as linguagens jornalística e publicitária; surgem, assim, frases aparentemente caóticas, palavras que “saltam” dos versos, dada a sua força significativa e sonora, um estilo arrojado e agressivo.
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