Coerência textual
Para além dos processos de coerência textual estudados nas aulas anteriores, podemos referir outros cincos tipos de coerência, que são igualmente importantes.Estes tipos de coerência são os seguintes:
• coerência semântica: refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a incoerência aparece quando esses sentidos não combinam ou quando são contraditórios;
• coerência sintáctica: refere-se aos meios sintácticos usados para expressar a coerência semântica: conectores, pronomes, etc.;
• coerência estilística: este tipo de coerência tem a ver com a mistura de registos linguísticos, sem que daí resulte, necessariamente, qualquer tipo de incoerência;
• coerência pragmática: refere-se ao texto visto como uma sequência de actos de fala. Para haver coerência nesta sequência, é preciso que os actos de fala se realizem de forma apropriada, isto é, cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte. Quando isso não acontece, geram-se sequências incoerentes.
EXERCÍCIOS
COERÊNCIA SEMÂNTICA 1. Explique a incoerência das frases que se seguem:
a) A discussão reporta-se ao problema da clonagem.
b) A audiência foi pouco elevada no estádio da Luz.
c) Entramos num novo círculo de mudanças.
d) Um tráfico imenso pediu o autocarro de avançar.
COERÊNCIA SINTÁCTICA
1. Aponte a incoerência e corrige-a.
a) Nada o desarma; quer esteja doente, sempre aparece.
b) O pobre homem vinha numa perseguição encadeada, mas desejoso de agarrar o pássaro e o comer.
c) Estava renitente e casou.
COERÊNCIA ESTILÍSTICA
1. Compara, em termos de coerência, o excerto de Namora com o exemplo que o segue.
a) – Atão, ao menos, deixe-me ir ali dar de corpo.
O tendeiro sondou-o, desconfiado, através do postigo das pálpebras.
Fernando Namora, Casa da Malta
b) – Então, ao menos, deixa-me ir à casa de banho. Preciso satisfazer as minhas necessidades fisiológicas.
O taberneiro mirou o gajo de alto a baixo, desconfiado, não quisesse ele pôr-se na alheta.
COERÊNCIA PRAGMÁTICA
1. Explica a incoerência presente nas sequências que se seguem.
a) À porta de igreja, entre dois cegos:
- Conheces esta senhora que te deu a esmola?
- Só de vista.
b) – Sabe, querida amiga, estive dois anos em coma…
- Que sorte! – exclama a outra. – Só o meu marido é que não me leva a parte nenhuma!...
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